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domingo, 8 de maio de 2011

Metamorfose ambulante


(A Raul Seixas e a quem o cante...)

Eu sou filha do Outono
de um outono sem maios
nem abris no ventre
para me parirem flor...
Não, não não...
no meu tem setembro
tempo de fazer o vinho
e embebedar sentires
no meu tem outubro
de folhas que voam
de regresso à Terra
no meu tem novembro
de castanhas e lume
de honrar os defuntos
meus vivos ausentes...

Sou filha do meu tempo

Nunca serei flor de maio
serei só folha que muda de cor
que encanta os melancólicos
e diverte as crianças...

Folha a voar sem rumo
livre qual errante passarinho
que aprende a voar...
sem reparar onde se ir pousar
folha de ignorar seu destino

Não procures em mim
a cor da flor que não sou
o tato da flor que nunca serei
mesmo que as flores eu nutra
eu sou abrigo para o chão
sou alimento para a terra
sou folha
                sou metamorfose
sempre ambulante...

Concha Rousia

7 comentários:

  1. Concha, flor metamorseante de beleza sideral; mulher -pássaro e jaguaritica, num misto de flauna e flora, e na vida um perambulante cio
    das paixões ternas s vida de borboleta,
    abraços com carinho, Jorge

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  2. ...Jorge, meu amigo, é tao difícil por vezes aceitar o destino... o teu comentário tem tanta poesia, que meu poema palidece mas vive, mas vive... abraços de cainho que voa nas folhas, Concha

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  3. Quanta poesia ainda será capaz esta alma rousia a transbordar? Bj

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  4. Quero sempre estar aqui a beber deste cálice que tanto me apraz!

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  5. Hosamis, minha poeta amiga, sejas sempre bem-vinda a minha república, abraços de carinho e gratidão, Concha

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  6. Oi, Concha!
    Quanto prazer estar neste cantinho tão aconchegante, tão chio de ternuras, de cânticos, de sossego de folhas rubras levadas pelo vento outonal, sossego de cantigas de ninar!... Seu poema é belíssimo! Sou apaixonado por sua poesia!
    Um abraço em seu coração,

    Oliveira

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  7. Obrigada Oliveira, meu poeta de além-mar, obriga por passar aqui e deixar teus rasto de cainho, sejas sempre muito bem-vindo, grande abraço, Concha

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