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segunda-feira, 30 de janeiro de 2012

Ir sem partir...

Remedios Varo

Não se pode voltar
ao lugar do que não se partiu 
eis o dilema de Ulisses
eis a armadilha que Penélope
tece e destece até o infinito
porque como despedir o homem 
que nunca te deixou...?

mesmo que se fosse longe
mesmo que longe se fosse

Partir...
partir eu nunca vou aprender
sei apenas que regressar é sempre
como é sempre esse vazio
de naus que levam tudo
que tudo levam
e a mim me deixam
e a mim me deixam...

E eu voo
porque voar eu sei
a Melra me ensina os segredos
dos sete ventos da mãe África
e eu voo sem abrir asas
eu voo sem subir às nuvens
eu voo entre paredes de pedra
eu voo 
         ate que finalmente 
as minhas inexistentes asas ardam 
quando me queimem por bruxa 
bruxa que rouba os segredos 
aos céus que nem existem...

Concha  Rousia 

 

domingo, 29 de janeiro de 2012

É assim... (Talvez um Tanka)

Eu com Nerea...
Não me procures a mim
Se não podes ver meu mundo
pois sem ele eu nem rosto tenho...

E se o teu de mim escondes
será a ti que eu acabarei não vendo...

Concha Rousia

P.S.: Somos de quem nós vê e permitimos nos toque com as palavras...

Filha... como é bom ver que vemos o mesmo... Os nossos olhos apontam ao mesmo infinito, embora ameaçado de finitidade... Mesmo que doa, mesmo que arraste tristeza aos nossos olhos, que não são nossos, são olhos coletivos... (em andamento...)



 




 
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quinta-feira, 26 de janeiro de 2012

Noite de estrelas...


Na ausência do teu olhar segui o conselho da Lua... Embebedei-me de estrelas, brancas como aguardente nova, brilhantes todas por igual... só uma sobressaía, brilhava por cima das outras, então reparei que ela brilhava sob a tua olhada...

Chovia no quintal e os meus olhos vieram logo ajudar a molhar, dentro e fora de mim, essa saudade... Era intenso demais, sempre é... então fugi, fechei os olhos e saí voando no meio da noite, para vir me esconder ao meu agora no que adormeço acordada, onde o sol me não veja ao amanhecer... 

Queria cantar, meter a música dentro da alma, acordar a Melra, pedir ajuda a ela, que não voa a estas horas para me prestar as asas e me dar paz, a paz que eu não tenho, a paz da que eu já desnasci, ontem e sempre... A música voa por cima das ondas todas do mar, por cima dos castanheiros, por cima das fragas de carvalhos, por cima de nós, e sobretudo, ela voa por cima de vós que só exitis porque eu... Porque eu... (não vou dizer)

Quantas vezes contemplei o eterno sendo! Quantas vezes me foi entregue o que era meu, e porém eu não tenho, eu não tenho... como também não tenho a serenidade com que, mesmo assim, eu escrevo... Sou como tu, Terra, minha mãe dos dias contados... Sou filha nascida para ser apenas calendário, calendário de sangue quente e pés que não andam, e pés que não andam...

Concha Rousia






 
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quarta-feira, 25 de janeiro de 2012

Abre mão...





Hoje só passa uma vez
Aproveita para deixar ir
algo desnecessário...

Concha Rousia






 
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segunda-feira, 23 de janeiro de 2012

Dos dilemas da liberdade...

Imagem google

A liberdade pode ser-nos tirada
mas ela não pode ser-nos dada

Concha Rousia



 
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