Artur Alonso Novelhe
Inicial
Preciso um berço para dizer nascido.
Preciso um pedaço de alma
para encontrar na cabide o espírito
como alcançar o cume nunca é importante
ao não ser no centro da harmoniosa instancia
prossegue por ti a tua rota indicada
no pavilhão verde o amo
no pavilhão aberto a céu a caça
fora deste castelo: a calma
Confiava que Deus chegasse a minha vida
mas eles não deixaram não que eu fosse
um ser universal
muitos entorpecentes deitaram no ser consciente
muitas notas falsas gastaram, para eu adorar o engano
muitos livros escritos para despistar-nos
muitas paginas cheias da grau
para engordar gordurosas, agradecidas panças
muitos caminhos comprados com ouro
muitas falsas navegações naufragas
para uma única conquista infame e ingrata:
a vontade dos apressados
(mas eles nunca tem bastante...)
Precisava derrubar esse muro
e saltei por cima da sua cidade
cercada
a porta esta aberta,
mas tu nunca poderás visioná-la
a não ser
a não ser
que deites dos olhos sua teia de aranha
muito sofri para acordar da insônia
outros viveram para libertar-me
agônicas vem a mim as vozes do martirizados
agora
tenho a frente um novo caminho
ele realmente há de levar-me
à terra originaria dos meus antepassados
Preciso um pedaço de alma
para encontrar na cabide o espírito
como alcançar o cume nunca é importante
ao não ser no centro da harmoniosa instancia
prossegue por ti a tua rota indicada
no pavilhão verde o amo
no pavilhão aberto a céu a caça
fora deste castelo: a calma
Confiava que Deus chegasse a minha vida
mas eles não deixaram não que eu fosse
um ser universal
muitos entorpecentes deitaram no ser consciente
muitas notas falsas gastaram, para eu adorar o engano
muitos livros escritos para despistar-nos
muitas paginas cheias da grau
para engordar gordurosas, agradecidas panças
muitos caminhos comprados com ouro
muitas falsas navegações naufragas
para uma única conquista infame e ingrata:
a vontade dos apressados
(mas eles nunca tem bastante...)
Precisava derrubar esse muro
e saltei por cima da sua cidade
cercada
a porta esta aberta,
mas tu nunca poderás visioná-la
a não ser
a não ser
que deites dos olhos sua teia de aranha
muito sofri para acordar da insônia
outros viveram para libertar-me
agônicas vem a mim as vozes do martirizados
agora
tenho a frente um novo caminho
ele realmente há de levar-me
à terra originaria dos meus antepassados
* * *
José Manuel Barbosa
Diz-se-nos habitualmente
Que quotidianamente
É que a mente
Mente.
Mas, diz-se também que absolutamente
Quem mente
É o coração.
Mas eu somente
Sei quando o coração sente
Embora não, quando sente
A mente.
Se for assim, eu já duvido totalmente
Se a final e realmente
Quem é quem mente;
Se é o coração,
Se é a mente.
Irresolutamente,
A dúvida faz-me morrer eternamente.
Infelizmente.
* * *
Belém de Andrade
escrever-te a ti
escrever-lhe aos alentos que nos ficarem em cada cidade,
escrever quando posso e quando não estamos
escrever-te em quanto perco o tempo
apostando por estâncias em palácios de reinos
já conquistados.
Buscando a formula magistral para
não deixar de escrever-te,
porque isso seria
uma tragédia
deixar de escrever-te seria
uma tragédia.
Topei passos escondidos esperando ser andados
Não me importa levar os cordões dos sapatos
sem atar,
nem carregar a minha mochila
de coisas desnecessárias,
um io-io, uma garrafa vazia
três canetas e duas maçãs,
ainda que as maçãs,
não deixam de ser necessárias.
Escrever,
escrever-te a ti
contar-te, como se a primeira vez
o muito que gosto da neve,
ou caminhar despida pela casa,
e quando posso
subir às cerdeiras para comer cerejas;
andar pelos caminhos por onde não passa ninguém,
estar na cima do teu colo
em quanto o coração te bate a ritmo de cantiga de berço
exercendo um efeito sedativo
sobre mim
e a minha mão direita;
baixar as escadas sempre a correr,
passar para dentro e para fora
sem parar muito,
estar calada, durante muito tempo estar calada
e quando menos o esperes
falar em idiomas diferentes
criados para dizer frases curtas, e logo
ser esquecidos.
Sempre poderia escrever-te um conto,
um desses com final feliz,
ou uma novela, de intriga
uma novela de amor,
quem diz um conto ou uma novela
diz um poema,
por que não?
a lírica, o que tem
e que sempre emociona.
Eu, no fundo
prefiro apertar a minha cara contra a tua
e deixar que um a um
os silêncios
falem por mim.
* * *
Nolim Gonçales
Sopro ao dente de Leão
e saem crisálidas
em pára-quedas
povoando a terra fértil
da minha ensonhação
Sopro tal qual furacão
nas costas pálidas
que ficam presas
dum pánico febril
dentro da imensidão
Sopro com o coração
a quem habitam
em terras secas
de sol-pôr anil
e amarela escuridão
Sopro para a rebelião
de gentes sumidas
em tantas guerras
pelo poder vil
causa de destruição
Sopro, ao fim,
a um simples
dente de leão.
* * *
Concha Rousia
Tudo da Melra
Eu sou o último vestígio da minha estirpe
disse-mo a melra, já me deu três avisos
subiu ao pessegueiro, pola do meio:
...Escreve os teus desejos antes de parar o tempo
reparte o mundo, reparte aquilo ao que já des-pertences
Onde, onde posso eu achar tão grande pergaminho
onde sem segar as almas todas dos carvalhos?
...Escreve no ar, solta livres as palavras
tu falas e eu vou movendo o vento que as leva
Mas a onde
a onde do infinito pequena amiga?
...Para mim o quintal e o pessegueiro, escreve
Isso é doado amiga vestido-preto
mas a quem deixar o peso do meu silêncio
a quem os recantos da terra que não pisei
a quem os segredos que me contou o mar
a quem as caricias das ervas do regueiro
a quem as pegadas que me leram na neve
a quem a colecção dos suspiros do loureiro
a quem os retratos da montanha na janela
a quem o deus do que descreio
a quem?
a quem?
diz-me a quem…
...A mim
eu sou quem fica
eu sou quem herda o mundo
tudo meu
quem te siga é estrangeiro
meu o mundo, da melra
bule
escreve
escreve
escreve
fala
diz
liberta o verbo
diz
tudo
tudo da melra...
Querida Concha, acabei de montar; porém iorei fazer em duas montagens pois quero publicar todos os poetas... Um carinhoso abraço. Jorge
ResponderExcluirAbraços com carinho para ti querido amigo, abraços sempre de carinho e poesia, Concha
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