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sexta-feira, 6 de julho de 2012

NÃO NÃO

 

O Google é como as crianças
Não sabe processar o NÃO...!

Concha Rousia
Quintal d'Amaia 6 do 7 de 2012

DOR-ES E AMOR-ES

 

DOR-ES E AMOR-ES

Ontem decidi levar minha dor pela mão
como criança crescidinha que caminha
para poder levar a tua dor no meu colo

Mas ela tropeçou e atrapalhou meu andar
caí ao chão machucando tua dor comigo

Daí aprendi o que de sempre eu já sabia:
Não se pode curar bem da dor de outrem
se não se cura primero da dor própria

Como também de nada serve que te amem
se o teu amor por ti não é forte para emparar

Somos a coluna de nossa torre nosso Ser
somos a verdadeira guia que seguirmos
tanto para os acertos quanto para os erros

Concha Rousia

Quintal d'Amaia 5 de julho de 2012



ONDAS DE SAUDADE

...a primeira visita à West Coast, Los Angeles... (USA) ano 2000

Uma concha e uma nereida, filhas do mar... 
a sensação de ser parte da paisagem... 
o sentimento de nascermos aí, na areia...
 
 
ONDAS DE SAUDADE

Nos meus cabelos
Viajam as ondas do mar
Pois foi a mão do mar
que me deu os cachos

Mistério que espero
nunca desvendar...

Agora toco meu cabelo
E quem se umedecem
São os meus olhos...

As lágrimas correm
em silêncio salgado
até a praia dos lábios
pra matar minha sede
e calmar meu sonho
de eterna sereia...

Concha Rousia
Quintal d'Amaia 5 do 7 de 2012 
 
 

Perdão

De quantas formas
se pode não pedir
perdão? ....

As outras todas
as restantes,
quero usá-las
esta noite...

Concha Rousia
Quintal d'Amaia noite do 4 para o 5 do 7 de 2012

Versos de areia


Versos de areia

Versos talhados em tempo
dentro do próprio relógio
versos de mar e horizonte
versos livres nunca escritos
ceives gaivotas versos vivos...

Fazer castelos na beira
vestida de algas eu princesa
com meu príncipe encantado
que rápido se passou...

Agora tudo se tornou areia
na que destilo minha filofosia
porque o poema passou
a vida passou e eu não vi

Dói, é tarde pra pôr remédio
fica o lamento a molhar a areia
ficam os versos e quem sabe
talvez tu ainda apareças...

Sei que eu ainda poderia
construir o mesmo castelo
cobrir meu corpo com algas
aprender o canto das sereias
e chamar-te chamar-te chamar-te
eu sei que ainda me ouvirias...

Ahhhh tivesse eu a certeza
de que há tempo nesse relógio
como ponteiros em nossa honra
ponteiros às voltas juntos sempre

Beberia o mar pra que sentisses
meu alento roçar no teu ouvido
e nada dessecaria esta alma minha
como a desseca este cruel desterro
em que permaneço pés molhados
e olhos tão de ti vazios...

Ando e desando meu passos
eu penélope mal improvisada
e em meu desandar medito
eu me pergunto...
eu sempre me pergunto...

Serei eu a escolher os passos
nesse caminho de pegadas...?
ou será a praia
ou será a praia...?

Concha Rousia
Quintal d'Amaia 3 de julho de 2012

 

~ ~ ~

 






O grito mais daninho
é o que não se emite

Concha Rousia

Falando com flores:


Falando com flores:

Desde que visito o Brasil
as flores do meu quintal
se tornaram gigantes...

Pergunto-me se serei eu
ou serão elas...

Concha Rousia 
Quintal d'Amaia 2 do 7 de 2012

Tudo comigo


Tudo comigo

Ontem o dia concedeu-me horas livres, sem nuvens nem taxas, e decidi sair a passear por fora da pele dos meus olhos; havia tanto tempo que não fazia isso que até me custou encontrar a porta; pode parecer ironia tratando-se dos olhos, a janela mais mais universal e luminosa para o mundo de fora, e não só de fora, porque quando olhamos e vemos a flor vemos também o sentimento que não podíamos ver até que nos tocou a beleza da flor, a dureza da pedra, o encanto do rio que canta e depois, à noite, quando ninguém o espreita, aproveitando que está deitando em seu leito, ele dorme... e a água fica caladinha...

Custou-me sair, já disse, até chegar à entrada do percurso da luz que ilumina fora tive dificuldades... Sei que tudo é causado por eu ter os olhos demasiado voltados para dentro, para mim mesma, costas viradas, tive que me revolver para enxergar a diminuta luz que anunciava a boca do túnel que atravessa o olho, para ir ter ao mundo colorido e mágico de fora... Agora causa-me arrepio imaginar como um olho se vê a si mesmo, mas não vou pensar nisso... Os espelhos é um tema que me fascina tanto que se entro por aí sei que não saio... Ainda assim, sair demora... que altos ficam os meus olhos, mesmo sendo eu baixinha, nunca reparara o longe que estão do chão... Aninhei-me para diminuir o vertigem, é tudo tão relativo...

Saí ao quintal, as rosas quase se assustaram ao ver-me, ao refletirem-se nos meus olhos abertos, já até deviam imaginar que eu era uma dessas pedras que mudam de lugar e pouco mais... Respirei seu perfume com os olhos abertos, como todo ato de amor puro deve ser feito... Aroma e cor se misturando com o canto dos pássaros, uma trança que atou meu ser à Terra do Quintal. Descalcei-me, senti a frialdade da relva molhada... e chorei, como se lavasse roupa usada, lavava as emoções que estavam abolorecidas nos arquivos da desmemória por falta de ventilação...

Então me senti tão acompanhada que até pensei em ti... Como era possível não sentir falta de ninguém, nem sequer de ti, meu bem? E foi daí que compreendi: tudo que faz parte de mim, como tu fazes, como faz o mar, como faz a sangrada lagoa de Antela, ou o primeiro beijo... Tudo estava comigo, tudo comigo...

Concha Rousia
Quintal d'Amaia 2 do 7 de 2012

Galiza VI

 Foto: Galiza VI

meu sacro manancial...
nas asas permitidas
não cabe a liberdade
que emana de ti... 

Concha Rousia
Quitnal d'Amaia 2 de julho de 2012

Galiza VI

meu sacro manancial...
nas asas permitidas
não cabe a liberdade
que emana de ti...

Concha Rousia
Quitnal d'Amaia 2 de julho de 2012

NÓS (pura imagem, sem palavras)

PERTENÇAS



PERTENÇAS

Eu busco pertencer
e tu procuras cadeias
pra romper em desafio

Eu procuro pátria
e tu procuras fugir dela
libertar teu sangue que ferve

Eu busco pertencer
e tu buscas motivo
para sonhar com a fugida

Eu busco pertencer
e desenho mapas circulares
com um coração alvo
e tu desenhas flechas
como raios que fogem

Eu busco pertencer
e tu escusa pra partida

Concha Rousia
Quintal d'Amaia 1 de julho de 2012

Feliz mês de seitura*...

Feliz mês de seitura*...

Ando por terras da Límia
o pão amareleja nas leiras
tá chamando pela fouce
em breve será cortado...

Agora pelas máquinas
porque os galegos que
segavam Castela primeiro
e depois a nossa terra
foram segados eles
desta nossa terra mãe
como cantou Rosalia...

Seitura* = Ceifa

 

Mãos ao piano

 

Mãos ao piano

Duas crisálidas
a se transformarem,
asas sonoras

Concha Rousia
Quintal d'Amaia 29 do 6 de 2012


Dedico a Nerea que em três dias aprendeu sozinha a tocar um boogie... ♥

Mensagem para o irmão guerreiro João Tamer Viana


 

Querido amigo João Tamer Viana:
Sim, eu aprendo das plantas
como você bem observou no meu desenho
É por isso que envio esta flor...

Olha, eu encontrei um pedacinho de planta meio seco
entre umas pedras dum caminho na aldeia
apanhei-o planteio no quintal e meses mais tarde
olha o que ele me oferece...!!

Mas o que me dá não é apenas sua beleza
esta flor adquiriu magicamente forma de coração
Sei que há uma mensagem nisso também
e eu ouvi essa mensagem... ♥

Mas para além dessa ela deu-me outra
ela sabe se colocar entre os meus olhos e as pedras
quando eu necessito descansar da dureza...

Olha para a ética da natureza... !!
Obrigad por reparares e ensinar-me a reparar...

Abraço da cor dessa for

Concha Rousia

COR-DURA



COR-DURA
Que a loucura me assista

Que venha e me resgate
dessa cordura insana
Que me mata...

Que me nega os caminhos 
Que levam a ti

Que me assassina

Concha Rousia

quarta-feira, 4 de julho de 2012

CANÇÃO DE DESPEDIDA



Hoje morreu-me um poema
morreu como morrem os poemas
num leito inerte de letras sem usar

Já tinha nome pra ele
Sexta-feira sete horas...

Já tinha letras para decorar
seu quarto de criança desejada
mas ele morreu-me...

É tão triste ver um poema morrer
dói tanto o anti-lirismo da agonia

Morreu-me um poema
mas ele não morreu no ventre
esse filho tinha nascido vivo
abrira seus olhinhos verdes
e seu desejo de ir além-mar

quem sabe, talvez conhecer-te
a ti que andavas sem tempo
até nisso se parecia contigo
tinha as horas mais contados

Sesta-feira sete horas
nem é nome muito ajeitado, eu sei
eu sei... mas esse foi o que lhe dei
e agora não deveria eu mudar-lho

Sexta-feira Sete horas
parte em sua caixinha de papel-nau
vai para um mundo sem regresso...
despedi-o sozinha com sua flor
deixei nele guardado um sonho
quem sabe algum dia ele renasce...

Concha Rousia
Quintal d'Amaia 27 do 6 de 2012