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quarta-feira, 18 de maio de 2011

Einstein


Einstein      

Querido Albert:
eu quero ser como tu
não no que se referir a teus cabelos brancos
ou a teu singular bigode
também não me agrada levar sempre roupas iguais
nem da mesma cor
mesmo que aborreço ir às compras
e gosto da cor gris
tem gente que prefere preto ou branco
eu também por vezes julguei preferir
alguma dessas duas cores...
mas descubri que é o gris que me apaixona
o porquê não sei...
talvez porque ela é uma cor flexível
que pode ir desde o preto até o branco
permite escolher como vai ser o dia
gris é pluralidade...
como os tons do nevoeiro
mas não é apenas nisso
que eu me pareço contigo
eu pareço-me especialmente contigo
na minha teima por encontrar uma formula
não, naturalmente eu não procuro E=mc2
não, eu ando à procura da formula da poesia
e da importância de sua relatividade
ou da sua relativa importância
e descobri isso quando escrevo
descobri-o porque, como tu
eu sempre o faço em envelopes usados
os meus não são de patentes suíças, não
os meus são da Fazenda ou da
companhia do telefone
pergunto-me se isso irá ter algum efeito
no resultado da minha pesquisa...
Concha Rousia 
Publicado no Recanto das Letras em 13/01/2011
Código do texto: T2726171

2 comentários:

  1. Concha, um poema que me enlouqueceu: eu meus papeiszinhos, minhas notas perdidas e encontradas e a vida de procura da vida-poesia, numa relatividade flexível e "arteável"... Abraços com carinho; Jorge Bichuetti

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  2. Sim, sei como é, encontro papeis, sobres, pedaços de folhas de jornal... com minhas palavrs rascunhadas, como mapas de momentos vividos no território poesia, esses lugar mágico que visitamos, ou nos visita, para escrever, e nos escrever... Abraço com carinho, Concha

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