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domingo, 5 de agosto de 2012

Tempo para ser e estar



Queria tanto falar de aonde vai o tempo quando se gasta, quando acaba seu percorrido no relógio, queria perguntar-me se os relógios de sol atrasarão na mesma medida que o sol se gasta... ou será que tenham de adianta
r? A ideia de que o sol se derreta não me agrada, pingadas alaranjadas de chuva fervendo a furar a terra, mesmo que sejam invisíveis.... Enquanto o tempo corre, mas para onde? Eu poderia responder essas perguntas se pensasse mais, mas tenho outras perguntas mais urgentes, ou mais respondíveis..,

Sobre o ser... Nada importa o que se é, importa é que concorde com o conhecer... com o saber que se é... Eu já fui flor e fui feliz, fui pedra e fui feliz, fui rio e fui feliz... corri vales de saudade... fui nuvem, e inclusive fui guerra, e fui feliz, meu problema começou quando fui humana, era bem mais fácil ser lobo, quanto que humana ando atrás do sentido do ser... Sei que não conseguirei jamais alcançar, para isso já concebi a morte... Se o ser fosse completo a morte não seria necessária, como não é para a rosa ou para a pedra... Os humanos, somos os seres mais incompletos.... Não posso dar hoje resposta a estes dilemas, então vou mergulhar em mim e falar do estar...

O deserto entra lentamente, não tem pressa, tudo acabará sendo seu... silenciosamente vai levando o grito verde sem que rapares, tenho aprendido tanto do deserto, ele começou a secar minha boca antes mesmo de eu ter nascido... nasci sabendo que minha fala se ia dissecando, eu tinha que correr de boca aberta apanhando o ar... e as palavras faladas talvez se sementariam na minha língua... E agora, agora, necessito ficar sozinha, sei ir embora em dissimulo, eu parto e tu fazes como que não me vês, inclusive me abres a porta, me convidas a sair e nem percebes que eu me parto, me parto em areias que já só o vento levará ao acaso, mas elas já não poderão exercer sua vontade, nem mesmo poderão ter vontade, parto e tu me despedes dissimulando um até breve quando na mão levas um adeus pintado... É eu, que ainda sou, já não estou... Como o sol eu, também me vou derretendo, talvez por isso gosto tanto da cor laranja... 

Concha Rousia 
Quintal d'Amaia 14 do 7 de 2012

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