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sexta-feira, 31 de julho de 2009


Manifesto pola Hegemonia Social do Galego


A Galiza vive uma crise da língua própria sem precedentes. À evidente perda do galego na mocidade une-se agora a política das novas elites do Partido Popular governante, decididas a acabar com os tímidos avanços na promoção da língua que o governo bipartido anterior começava a introduzir. Especialmente preocupantes são a eliminação da obrigatoriedade de demonstrar conhecimento de galego escrito para o acesso à função pública (isto é, as trabalhadoras e trabalhadores ao serviço de todos e de todas), e a notável discriminação que se avizinha na presença do galego no sistema educativo público (isto é, coletivo). O Partido Popular, sob a demagogia da "liberdade linguística", parece decidido a instituir o golpe de graça legislativo e político que impossibilite a recuperação da transmissão, dos usos e do prestígio da língua da Galiza. Que, por políticas dirigidas, num breve período histórico praticamente um povo inteiro deixe de transmitir e de utilizar o seu idioma como forma de conduta diária constitui um linguicídio em toda a ordem, que vulnera frontalmente os direitos humanos e cívicos coletivos.

Mas a situação não é apenas fruto dum plano improvisado do PP à luz duma contingente vitória eleitoral: é também resultado duma prática de décadas em que a classe política dirigente da Galiza se demitiu da sua responsabilidade histórica de contribuir para a necessária hegemonia social do galego como língua de relações sociais, de referência identitária, e de avanço cultural e material. Como em qualquer sociedade, só esta hegemonia do próprio poderá produzir a integração social num espaço comunicacional comum no nível local, nacional e internacional, imprescindível para imaginarmos e portanto construirmos uma ordem de verdadeira igualdade num âmbito de decisão verdadeiramente soberano.

Nós, as pessoas e coletivos abaixo assinantes,

DENUNCIAMOS o plano ultraliberal do Partido Popular e dos poderes económicos e mediáticos dominantes para manterem a língua (isto é, a conduta visível de milhões de pessoas) à mercê do darwinismo social, da lei do mais forte económica e mediaticamente, a língua espanhola;

RECLAMAMOS dos poderes públicos, sujeitos sempre a renderem contas perante a cidadania, o exercício das suas obrigações para a promoção social e institucional do galego e para a eliminação de qualquer discriminação e obstáculo à sua expansão, consolidação e naturalização como língua nacional própria a todos os efeitos;

e CHAMAMOS, na mais firme tradição do galeguismo, a um compromisso comum, horizontal e persistente de toda a cidadania galega pola construção da hegemonia social da nossa língua, a meio da sua transmissão efetiva aos mais novos na vida diária e no ensino, nos seus usos orais e escritos, como o nosso principal instrumento integrador e como o nosso vozeiro internacional no âmbito linguístico e cultural galego-luso-brasileiro de que nunca deixou de fazer parte.

Galiza, julho de 2009


Para assinar o Manifesto, clique nesta ligação:
http://www.peticao.com.pt/hegemonia-social-do-galego

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Guia para o amante


Primeiro acaricia-me com o teu olhar
busca-me
seduz-me
até que meus olhos se prendam dos teus...
ama-me então
faz-me amor com a tua mirada
percorre-me
até que ambos percamos o sentido

Acaricia-me depois com a língua
fala-me
sussurra-me
conta-me os teus desejos
entrega-me o tesouro das tuas palavras
mais secretas...
e quando as nossas bocas fiquem mudas
a comunicarem apenas o som do desejo

Toca-me
beija-me
que te quero fora e te quero dentro
mergulha-te mim com todo o teu mundo fértil
a confundir-te comigo no meio deste deserto
que nos rodeia

No que nada há
neste nosso encontro
além da nossa existência
nem sequer tu existes
nem eu existo
somos apenas esse 'uno' indivisível que contêm
o cerne oculto do Ser Universal...

Eleva-te comigo aos Céus
percorramos-lo juntos
e baixê-mos depois devagarinho
até chegar ao nosso silêncio
esse que tudo diz sem palavras

Envolve-me com teu braço esquerdo
e eu repousarei a cabeça no teu peito

Fiquemos eternamente olhando o céu...
enquanto a calma regressa a se pousar
em nossos corpos

E partilhemos finalmente esse sorriso cúmplice
que é só nosso e só desse infinito momento
no que juramos guardar tudo que é do outro

Voaremos ainda livremente os nossos olhos
com as nuvens da tarde
e quando a noite nos abrace
aguardaremos a caída de uma estrela
que nos vai permitir mais um desejo...

Não me faças promessas
de futuros por vir
e eu não te farei lembrar
de ontens idos incompletos...

Todo o tempo que é nosso
nosso há de ser
nosso
e

nosso...

Concha Rousia

No pais das serpes

quinta-feira, 30 de julho de 2009

Amor vegetal

Sou uma planta
bebo as tuas palavras

e crescem folhas
no meu caderno de poemas

florescem rosas
nos meus beiços

e no meu peito
late o coração da Terra

em meu corpo
sinto passar as estações
marcadas pola distância a ti
pola distância
que nos separa
e nos aproxima

Sou uma planta
evoluída
que aprendeu
a mover as raízes
só para poder-te seguir
para poder ficar na imagem
que tu levas prendida
no teu olhar
sol do meu planeta

Concha Rousia