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terça-feira, 26 de junho de 2012

Cartas sem destinatário

Foto: Cartas sem destinatário  
Capítulo IV

Amado... 

Tenho tanta vontade de te escrever que até nos sonhos encontro a escusa para a carta, mas o sonho não me prestou hoje, me desconcertou... Assistia a um teatro chinês no alto de uma torre gigantesca, dessas que só se constroem em sonhos, pelo lateral que eu estava não havia parede, o espaço era menos que mínimo... a vertigem não cabia em toda a torre, saí do teatro sem saber por onde, magicamente me vi andando por avenidas atestes de pessoas em branco e preto... Soube logo que era sonho, por esse detalhe da cor, e me entreguei a passear, o que começara com medo abismal terminava com a calma de uma rua de outro tempo, como se eu visitasse um passado que me pertencera, ou uma cidade no cinema... Mas não achando no sonho motivo suficiente para escrever-te decidi esperar a que o dia me falasse, e ele me falou...

O Mundo é uma palavra, cabe nela, eu sei, eu vi o mundo se recolher nessa palavra, se aninhar, se aconchegar, eu vi o mundo se salvar nessa palavra... Com essa palavra a vida ganhou hoje seu último e mais profundo sentido, um sentido novo, inventando em mim novas paredes para meu corpo, talvez alguma até deva ser inexistente, e aí ganha relevância o contido do meu sonho... esse novo sentido que ganhou hoje o mundo vai além os teatros todos, mesmo que sejam de origem milenar, como é essa palavra que caiu do céu; como uma chuva que aguardasse por esta nova primavera, que o poeta tanto prometera, e essa primavera chegou... Poderia escrever todos os versos agora, todos eu poderia oferecer a ti nesta carta, porque todos caberiam nessa palavra, essa palavra que é um nome: 

Um nome no que cabem todos os nomes
cabem todos os tempos
cabem todas as cores
cabem todos os sonhos
Um nome que meu ser 
leva repetindo-me sempre
e eu levo outro sempre desouvindo... 
um nome: o Teu nome!

Não quero finalizar esta carta assim, como parecendo o que não é, um poema inacabado, queria falar-te de outras cousas, outros temas, outros territórios, queria falar-te de meu desejo, de meu desejo de ser desejada por ti, só por ti, como eu queria isso... como eu queria ser tua mulher, ser tua amante, tua amiga, tua amada ou pelo menos ser um espelho amável do teu mundo...

Cartas sem destinatário
Capítulo IV

Amado...

Tenho tanta vontade de te escrever que até nos sonhos encontro a escusa para a carta, mas o sonho não me prestou hoje, me desconcertou... Assistia a um teatro chinês no alto de uma torre gigantesca, dessas que só se constroem em sonhos, pelo lateral que eu estava não havia parede, o espaço era menos que mínimo... a vertigem não cabia em toda a torre, saí do teatro sem saber por onde, magicamente me vi andando por avenidas atestes de pessoas em branco e preto... Soube logo que era sonho, por esse detalhe da cor, e me entreguei a passear, o que começara com medo abismal terminava com a calma de uma rua de outro tempo, como se eu visitasse um passado que me pertencera, ou uma cidade no cinema... Mas não achando no sonho motivo suficiente para escrever-te decidi esperar a que o dia me falasse, e ele me falou...

O Mundo é uma palavra, cabe nela, eu sei, eu vi o mundo se recolher nessa palavra, se aninhar, se aconchegar, eu vi o mundo se salvar nessa palavra... Com essa palavra a vida ganhou hoje seu último e mais profundo sentido, um sentido novo, inventando em mim novas paredes para meu corpo, talvez alguma até deva ser inexistente, e aí ganha relevância o contido do meu sonho... esse novo sentido que ganhou hoje o mundo vai além os teatros todos, mesmo que sejam de origem milenar, como é essa palavra que caiu do céu; como uma chuva que aguardasse por esta nova primavera, que o poeta tanto prometera, e essa primavera chegou... Poderia escrever todos os versos agora, todos eu poderia oferecer a ti nesta carta, porque todos caberiam nessa palavra, essa palavra que é um nome:

Um nome no que cabem todos os nomes
cabem todos os tempos
cabem todas as cores
cabem todos os sonhos
Um nome que meu ser
leva repetindo-me sempre
e eu levo outro sempre desouvindo...
um nome: o Teu nome!

Não quero finalizar esta carta assim, como parecendo o que não é, um poema inacabado, queria falar-te de outras cousas, outros temas, outros territórios, queria falar-te de meu desejo, de meu desejo de ser desejada por ti, só por ti, como eu queria isso... como eu queria ser tua mulher, ser tua amante, tua amiga, tua amada ou pelo menos ser um espelho amável do teu mundo...

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