Seguidores

domingo, 5 de fevereiro de 2012

Intemporal.idade do Tempo...

Remedios Varo
Para o tempo escrevi eu hoje estes versos, ou talvez foi para ti, nem sei, ora os versos escritos são pássaros livres, não pertencem a ninguém...

O Tempo
soube ser bravo lume
quando nós ardíamos
se queimando veloz
tão depressa que nós
nem conseguíamos
nos despedir...

O Tempo
sabe ser água mansa
para acalmar a pele
escaldada por lágrimas
para apagar restos
ainda vivos do fogo

Ele sabe lavar cinzas
sabe limpar feridas
sabe ser muito rápido
mas... como ele é lento
quando mede a tristeza!


Sei que o Tempo não existe, ou talvez exista, tanto faz, talvez a que não existe sou eu... Ora, se o tempo existe, será que existe um Tempo para ele, ou ele será Eterno? Sei que não há forma de o descobrir, como não há forma de saber se existem deidades parecidas com as que nós queremos, ou não queremos, para combater os nossos medos de inexistir...

Não sei, sou consciente do muito que não sei, mas hoje por algum motivo nem com isso me importo, há já tempo que desisti de existir, sei que existo não é isso que nego, mas tiro o leme das mãos da razão e dou ele a intuição... e quando faço isso não sei quem sou, sei é que sou eu, e eu sou o que sinto... então aceito que minha verdade não vem da razão, torpemente construída, com lógicas que não são todas minhas e nem concordo, nem sempre entendo...

Eu sou um instrumento da poesia, outras pessoas são da fé religiosa, ou doutras fés, e fazem cousas completamente fora do comum, loucuras diria-se que são, mas são deixados em paz, pois peço o mesmo... quero viver em meu poema, e mais nada... A única dimensão da que não conseguirei fugir é o Tempo... Ele não sabe deixar nada para trás, ele corre em todas as direções, com todas as velocidades imaginárias, quase infinitas, uma para cada ser existente... Uma velocidade, que nós, meu bem, não percebemos, para a pedra; outra, que sim percebemos, para a flor, que a vemos nascer e morrer... Mas tudo vai arrastando... sem pausa, sempre sem pausa, nem quando nós dormimos ele descansa...

Concha Rousia










 
Esta obra está licenciada sob uma Licença Creative Commons.

6 comentários:

  1. muito lindo....vc soube desfolhar o tempo... da poesia...parababéns poeta!beijos

    ResponderExcluir
    Respostas
    1. Obrigada Bebvinda, por vires aqui dividir um tempinho com meu texto, beijos

      Excluir
  2. O tempo só existe enquanto houver seres para o medir, sejam animais ou plantas.
    E o tempo que levei para perceber que o teu poema era magnífico, foi o tempo de o começar a ler e de ter lido a primeira estrofe...
    Concha, tem uma boa semana.
    Beijo.

    ResponderExcluir
    Respostas
    1. Nilson, gostei de que medisses tempo aqui em meu blog, sempre um prazer te receber, assim como é um prazer te visitar, abraço grade desde a Galiza.

      Excluir
  3. Ah...o tempo!! Tempo que ora cura, ora dói...Mas sempre nos ajuda na caminhada...
    Seus versos e sua prosa poética ficaram ótimos!!
    Abraços minha amiga...com tempo de ternura...Mila.

    ResponderExcluir
    Respostas
    1. Obrigada Mila, pelo comentário e a visita carinhosa, Abraços

      Excluir