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quarta-feira, 4 de maio de 2011

Se eu ainda escrevesse cartas...

                               Do meu Diário...        (imagem google)
Se ainda escrevesse cartas eu te contaria... contaria-te meu ontem... iria-te falar de ti e de tuas frases ao acaso, o acaso é um grande distribuidor de desacertos, é pena que o acaso nunca seja filho do acaso, mas esse é um mistério que eu não quero desvendar aqui neste lado do papel em que escrevo, descrevo, sangro e me encontro comigo...


...sim, não quero esquecer, não, ontem a frase, era dessas frases que igualam mundos, que equiparam existires, que igualam em alguma balança invisível, sentires... indecifráveis sentires... em cada palavra viajam centos de universos, eles atravessam, e é dependendo apenas do olhar que se apanha um sentido ou o seu contrario... a palavra 'nós', ahhhhhhhhh essa, e a palavra 'vós' que me iguala ao meu negativo, o meu não ser... o contrario de mim...


'entre o saber e o não saber acontece o infinito'


...sei que me podia ter eternizado aí, mas decidi continuar, decidi sim, porque lembrei tanta cousa e pensei na simplicidade masculina, desculpa a palavra, mas é a que achei para mostrar essa incapacidade que sinto no homem para ver nas palavras a complexidade das emoções femininas, talvez seja questão de ângulos e círculos, quem sabe Freud tinha razão nas formas que nossas pupilas adoptam para acolherem objetos, ou seus sentidos...


...então eu decidi calar, porque há frases que não nasceram para serem ditas... apenas sentidas, e não são traduzíveis, isso também não, a uma reação fisiológica... não para quem temos uma sala desmessurada para o universo emotivo, o que não deixa de ser um problema... e também não adiantaria usar de minha fisiologia, pois tu não me podias ver, então calei, isso sei fazer, calar para fora, enquanto dentro se fecunda meu mundo... é do silêncio que eu depois arranco todas as palavras... e como não escrevo cartas vim aqui contar a meu diário...


Galiza 4 de maio de 2011


Concha Rousia 

6 comentários:

  1. Amigo Silvanio, vou guardar aqui as tuas palavras... com meu obrigada e um abraço.

    Nome: Silvanio Alves
    IP: 187.25.149.69

    Mensagem:
    Um texto que revela a sensibilidade e inspiração de uma grande poeta!! aplausos!!

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  2. Concha, o atraso do meu paciente, me permitiu vir já e no que chego me encanto com tua sensibilidade onde a literatura e a filosofia se mesclam numa terna e visceral escrita, uma narrativa que nos afeta, desterritorrializando-nose nos alisando para novos devires. Do silêncio areraco as palavras; havia acabado de falar do silêncio-palabra.
    Um ternoe cainhoso abraço na gratidão por nosenternecer com sua sensibilidade poética. Jorge

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  3. ...isso do atraso do paciente é mais uma demostração de que nada é totalmente negativo... bom te ler, ter tua olhada sobre o meu texto, sim visceral... imagem que sinto nas pálpebras e na pele da alma... envio tb um terno abraço por tuas palavras, por teu carinho... depois eu vou postar algum poema dos do meu aqui. Concha.

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  4. Ah, a diferença, a riqueza da diferença entre o Yin e o Yang. A grande polaridade que faz crescer o mundo. Boa partilha do teu diário. Obrigada Concha

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  5. ...minha querida e sábia amiga Welwitschia, a polaridade que tira, sim, de nós... para crescermos indefinidamente, abraços a crescer entre nós amiga querida.

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  6. Hosamis, uma pessoa querida do Recanto das Letras escreveu isto para mim, eu tenho lá os envios fechados por não poder atender aqueles lugares, então ela me enviou a meu e-mail e eu coloco aqui para sempre guardar junto do poema, do fundo do meu coração agradeço o carinho, a ternura e a simpatia... e deixo meu abraço mais sentido para ti, minha querida, Concha.


    Mensagem:
    Bom, envio esse comentário sem o desejo de que me responda, minha cara poeta da Galiza. Acabei de ler a sua carta enviada ao nosso Recanto no dia 4 de maio. Antes de mais nada quero te pedir desculpas por escrever, pois você já me disse que não deseja sentir o sentimento ou sensação ou seja lá como chame isso, talvez \"uma leve culpa por se sentir obrigada a responder um comentários\" rsrs. Eu te entendo. Mas, bom, sua poesia é belíssima, estou apaixonada pelos seus textos, o que posso fazer? Você já leu Clarice Lispector? Se não, leia. Seu estilo é parecido com o dessa nossa grandíssima escritora brasileira, que amo demais. No mais é só, e não responda caso seja com aquele sentimento... Bj

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