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segunda-feira, 23 de maio de 2011

No Diario da Noite

Quando não reconheço um poema meu, um filho que eu pari e não reconheci no seu momento e que agora encontro sem sinais de mim, sem identidade, sei que andei embebedada de inexistências... Meus óculos carregaram a vida de vazios, espaços de inconsciências ligeiras, opacas, desnecessárias, e portanto, ausentes, convertendo a vida numa coleção de dias desiguais, e mesmo parecidos, dias desertos de areias que caem sem que o tempo passe. Perguntar como, por que, ou mesmo para que, não adianta, pois as respostas jamais foram criadas, nem as perguntas inventadas, poderia eu agora inventar alguma e criar assim uma saída digna de meus labirintos, mas isso seria cobarde, seria como sair pela porta de atrás do próprio passado, sem nunca ter realmente estado...

Concha Rousia

2 comentários:

  1. Concha, foste minha oração matinal: um poema num monologo onde se lida com a p´ropria humanidade. Que assusta, fragiliza mas tão bela na sua singularidade. Lenta, porém, intensa; sábia, porém, esquecida... Abraços , com ternura, e desejos de um dia de çaz.
    Jorge

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  2. Bom dia Jorge, por dizer alguma coisa, pois o dia, mesmo que primaveril, é triste, a direita ganhou, toda a humanidade perdeu, fica a voz, ficam as pedras e fica a cidade de Compostela que já testemunhou tempos melhores, e piores... A longa noite de pedra dos galegos está já tao dentro deles que começam a pensar que o dia é assim... sem luz, sem ter que ver... Bom, acho que foi daí, desse sentimento que nasceu meu poema... Um abraço com carinho e fé (hoje necessito fé) no caminhar da humanidade, Concha

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