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quarta-feira, 25 de maio de 2011

Além cartas

Hoje estendi os meus braços para o horizonte e em meus olhos se misturaram os meus dedos e o monte, senti desejos de toca-lo de acaricia-lo, seguir com minhas mãos as suas formas, de ser, pra que negá-lo, de ser a sua amante, quis beber nas suas fontes e saciar as minhas sedes todas; curar  depois de suas feridas... abri mais os braços e abracei o planeta comigo e contigo dentro... então pensei em escrever-te, e me arrependi de ter deixado de escrever cartas... Às vezes sinto uma necessidade enorme de saber mais de ti, mas procuro que isso não passe de uma necessidade minha, da que eu posso curar sem incomodar os teus silêncios...

Mas se eu escrevesse cartas escreveria uma para ti hoje, nela te contaria que todas essas outras cartas que te não escrevi, também não as devia ter enviado, como esta que também a não envio, mas eu já não escrevo cartas, e por isso não posso contar-te cousa nenhuma existente ou inventada... tanto faz do que falasse, as cartas, mesmo as do banco, são todas, como nos ensinou Kafka, cartas de amor...

Ahhh aqueles tempos nos que eu escrevia cartas, mesmo que não fossem para ti, nem era eu que as enviava, minha era apenas a mão que se prestava à caneta da tia Maria; cartas para o Camilo, esse filho querido e único, com um pai pelas Americas do Sul perdido na procura de destinos... mas a tia Maria morreu, o seu filho também morreu, e dói-me, dói-me imaginar que não pode haver cartas do Além...

5 comentários:

  1. Concha, com emoção leio-a... pensando nas cartas que queria escrever e as que nunca escreverei.
    Como o tempo leva e nos leva...
    Abraços comcarinho,Jorge bichuetti

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  2. Sim, o tempo leva e nos leva, mas sabes, lembro os tempos das cartas, eu namorei por carta, com o marido que ainda me dura rs, recebia uma carta mais ou menos por dia durante anos... as cartas davam tempo para madurar as emoções todas antes de saber o que se sente, rss, também escrevi cartas, como digo aí para a tia Maria, e par outras pessoas que o necessitavam na minha aldeia-tribo... Lembro quando um de meus irmãos ia para a Alemanha, onde estavam vários emigrados, sabíamos que tardaríamos 15 dias a saber dele... o carteiro convertia-se na pessoa sempre esperada... Um abraço com carinho, Concha

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  3. Cartas, cartas...como tenho saudades também minha amiga! Hoje, (des)graças aos e-mails e comentários (como esse que agora faço) escrevemos mais para desconhecidos e estamos mais próximos deles do que das pessoas ao nosso lado. Não é um paradoxo? Veja. Minha família está lá, na área conversando, e eu aqui na internet: escrevendo, pesquisando, estudando ...e bem, feliz, plena! Que coisa! Mas, voltando às cartas. As cartas trazem alegria! Como era bom sentir seu cheiro, ver a letra de gente conhecida e lembrar dela pela letra! Era também um conteúdo, a caligrafia, era a identidade revelada na carta de amigo, de amor, de maldizer(rsrs). Escrevamos, pois cartas! Aguardo em breve uma da Galiza! Bjs

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  4. Minha querida Hosamis...

    Esta carta é para responder a tua com data de 25 de Maio deste ano, nela me contas do muito tempo que passas com o teu PC e o feliz que te faz isso, mas sentes imensas saudades de receber cartas e reconhecer as pessoas pela letra, ahhhh a caligrafia, sim minha amiga, isso é grave eu acho que já esqueci como se escreve com caneta, meus dedos já não conseguem adoptar aquela postura para apanhar a caneta rssss.
    E mais nada por hoje, envio beijos para ti com carinho e comprimentos para toda a família, desta tua amiga que te ama.

    Concha

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  5. Eu não acredito em você! Amiga, impossível esquecer a poesia contida na esfera da tinta! As coisas antigas são ímã para mim, e acredito para você também, pelo pouco e muito que já te conheço. Sabe, achei uma raridade aqui perto de casa: uma máquina de datilografia portátil (Oliveti). Linda, de cor verde, as tecladas são macias, o som lembra uma pétala de rosa, aveludadamente entram em mim e me justificam como, talvez, escritora (uma profissão tão distante como a Galízia..rsr). Gosto de sentar diante dela às vezes, quando tudo parece tão impossível. E simplesmente as palavras vêm e me sinto importante! Amiga, pordoa-me, sou uma eterna criança! Bjs

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