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domingo, 11 de setembro de 2011

Talvez uma crónica

Foto Concha Rousia: Covas 10/9/2011
Ontem a lua encheu-me de perguntas, perguntas que eu não soube como responder, acho que nem as entendia, porque ontem a lua falava numa língua estranha, mas eu, mesmo sem entendê-la sabia que se dirigia a mim, tirei fotos de seu corpo branco, quase imaculado, e segui depois sozinha a caminho de casa e das minhas lembranças, procurei no passado que tenho sem ti e não me vi nele... As lembranças eram minhas, mas eu não estava... 

Decidi então visitar lentamente esse passado, entrei nele com ajuda da luz da lua, como quem entrasse numa casa abandonada, que não tem dono, mas que antes eu sei que fora minha, e fui lá semeando-te nas horas todas que já não são de ninguém, pois o passado não sabe mais de sua pertença... 

Semeei-te nas horas do dia, semeei-te nas da noite, semeei-te no ar que te levou a fecundar meus infinitos, e depois parti, parti porque mesmo que eu semeei, sei que não haverá tempo para a colheita... O verão, mesmo que nesse instante eu ainda não sabia, o verão já se tinha passado...

Concha Rousia 
Foto Concha Rousia: Covas 10/9/2011

6 comentários:

  1. A atitude de semear é digna e ela só é de grande valor, pois se não se semear hoje como alguém irá colher algo amanhã? Por isso penso que tal atitude precisa ser despojada, sem o desejo embutido de colher os frutos para si.

    Beijos minha doce amiga.

    Hosamis.

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  2. Hosamis, amiga minha, gosto imenso dessa ideia de semear sem pensar na colheita, poetas devemos aprender a fazer isso... Grata por tua presença e comentário sempre ajudando o texto a ir além, beijos.

    Concha

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  3. Sob a luz da lua, relembro também toda a minha vida ... não me concebo sem o luar!

    Parabéns Concha, pela magnífica crônica!
    Estou encantado e honrado de tê-la como amiga e poder saborear tão belas palavras!

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  4. Boa noite Carlos, a honra é minha, ou então mútua, agradeci o trato que deste a essa nossa carta no teu blog...

    Hoje a lua completou-se, está radiante, ela também sabe de saudade... a Lua é Lusófona rsrs... Abraços grandes desde Compostela, Concha

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  5. Essa muralha (foto tirada em Covas) me encanta deveras. Não canso de admirá-la, suas cores, as pedras tão grossas, o humos a crescer aqui e ali, a perspectiva que aponta ao luar, o luar recém mostrado das nuvens e talvez logo a sumir-se nelas. Quanta poesia Concha em uma imagem! Parabéns pela foto! Posso desenhá-la?

    Beijos.

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  6. Hosamis, minha amiga, fico feliz q gostes da foto, podes desenhá-la sim, uma honra para a foto, as pedras, e para mim... Beijos de luz de Lua,
    Concha

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