Luar no meu quintal: 12 do 9 de 2011. Foto de Concha Rousia |
Porque é que um sono agita Em vez de repousar O que em minha alma habita E a faz não descansar? Fernando Pessoa |
Amanhece neste vale da Terra que olha para Compostela, como olha a antiga casa de pedra, como olha o quintal, e como olho eu, que mesmo sendo ateia e sabendo que estou de passo, também olho; especialmente hoje, que o sol se esqueceu de vir... São tantos os peregrinos que aqui passam, tantos os desejos espargidos por essas estradas que me sinto rodeada de fantasmas... Já até pensei se não será por tanto peregrino procurando aqui sossego para sua atormentada alma, o que vai criando essa aura de energia carregada de desassossego, e será causa dessa comoção toda que paira no ar que respiramos, isso estaria tão em sintonia com o nosso duvidador ser...
Mas hoje é outro o peregrino que a mim me ocupa, e cuja falta me atormenta, ou pelo menos me preocupa, um peregrino que não vai vir... Não vai vir porque hoje o dia se quer íntimo demais, se quer sem sol, e o sol hoje propôs-se não vir... Pressinto que hoje vai ser assim, ele não vai vir, eu até me sinto culpável... Acordei tantas vezes durante a noite, saí tantas vezes de meus desveladores sonhos, abri tantas vezes a janela para procurar a Estrela da Alva, até a roseira se apercebeu de que a mim me faltava alguma cousa, pois foram tantas as vezes que abri as portas da noite que acho as rompi... Sim, declaro-me culpável: Rompi as portas do céu durante a noite, e agora o Sol não tem por onde entrar, escondido por entre as nuvens, que são como tábuas dessas portas do céu, vai enviando alguns de seus raios, para que aqui em baixo possamos ver que a noite não está já... mas ele não vai entrar...
Acho que tem inveja da Lua; ontem à noite ela estava tão radiante, tão maravilhosa, tão sedutora... Ontem foi noite de amantes, de cada um visitar o que mais ama, ou anseia, ou não quer esquecer... e hoje amanhece a paisagem humana com sonhos enluarados... com o brilho da paixão nos olhos e na pele, especialmente na pele, banhada por esse olhar de magia que tem a lua.. Talvez seja então por causa dos amantes que o Sol hoje não ouse entrar, ciumento ele, hoje em lugar de vir se esconde, talvez seja esse o motivo, e eu, mesmo tendo rompido as portas do céu durante a noite, não seja a única causante desta escuridão...
Também sei que hoje a noite, mesmo sendo a única autorizada a vir, vai demorar muito, e o dia vai ser como um eterno intermédio entre Luares...
Mas hoje é outro o peregrino que a mim me ocupa, e cuja falta me atormenta, ou pelo menos me preocupa, um peregrino que não vai vir... Não vai vir porque hoje o dia se quer íntimo demais, se quer sem sol, e o sol hoje propôs-se não vir... Pressinto que hoje vai ser assim, ele não vai vir, eu até me sinto culpável... Acordei tantas vezes durante a noite, saí tantas vezes de meus desveladores sonhos, abri tantas vezes a janela para procurar a Estrela da Alva, até a roseira se apercebeu de que a mim me faltava alguma cousa, pois foram tantas as vezes que abri as portas da noite que acho as rompi... Sim, declaro-me culpável: Rompi as portas do céu durante a noite, e agora o Sol não tem por onde entrar, escondido por entre as nuvens, que são como tábuas dessas portas do céu, vai enviando alguns de seus raios, para que aqui em baixo possamos ver que a noite não está já... mas ele não vai entrar...
Acho que tem inveja da Lua; ontem à noite ela estava tão radiante, tão maravilhosa, tão sedutora... Ontem foi noite de amantes, de cada um visitar o que mais ama, ou anseia, ou não quer esquecer... e hoje amanhece a paisagem humana com sonhos enluarados... com o brilho da paixão nos olhos e na pele, especialmente na pele, banhada por esse olhar de magia que tem a lua.. Talvez seja então por causa dos amantes que o Sol hoje não ouse entrar, ciumento ele, hoje em lugar de vir se esconde, talvez seja esse o motivo, e eu, mesmo tendo rompido as portas do céu durante a noite, não seja a única causante desta escuridão...
Também sei que hoje a noite, mesmo sendo a única autorizada a vir, vai demorar muito, e o dia vai ser como um eterno intermédio entre Luares...
Concha: entre Luas... Me sinto assim: o Sol me fortalece para o encanto do luar... ele é passagem; a lua - meu voo e meu cais... abs, jorge
ResponderExcluirJorge, estas trocas fazem com que o mundo real passe a existir duma forma bem mais significativa do que antes delas, escrever assim é quase uma atividade coletiva, não temos o café para discutir nossas obras, mas temos este lugar na Net que conecta. Grata por tua leitura e comentário sempre enriquecedor, Abraços com meu carinho e ternura, Concha
ResponderExcluirGostei do texto
ResponderExcluirabraços
Abraços, amigo Sandrio...
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