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quarta-feira, 4 de julho de 2012

CANÇÃO DE DESPEDIDA



Hoje morreu-me um poema
morreu como morrem os poemas
num leito inerte de letras sem usar

Já tinha nome pra ele
Sexta-feira sete horas...

Já tinha letras para decorar
seu quarto de criança desejada
mas ele morreu-me...

É tão triste ver um poema morrer
dói tanto o anti-lirismo da agonia

Morreu-me um poema
mas ele não morreu no ventre
esse filho tinha nascido vivo
abrira seus olhinhos verdes
e seu desejo de ir além-mar

quem sabe, talvez conhecer-te
a ti que andavas sem tempo
até nisso se parecia contigo
tinha as horas mais contados

Sesta-feira sete horas
nem é nome muito ajeitado, eu sei
eu sei... mas esse foi o que lhe dei
e agora não deveria eu mudar-lho

Sexta-feira Sete horas
parte em sua caixinha de papel-nau
vai para um mundo sem regresso...
despedi-o sozinha com sua flor
deixei nele guardado um sonho
quem sabe algum dia ele renasce...

Concha Rousia
Quintal d'Amaia 27 do 6 de 2012

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