17 de setembro

Nós, Barcelona 1995

Sei da dimensão de meu amor por ti quando tu não estás, quando sais de viagem, e eu preparo, como cada amanhecer, dous cafés, depois tomo o meu com a saudade que insiste em ocupar a tua cadeira, à direita da minha... mas ela não sabe oferecer-me as bolachas, nem tenho certeza de que a saudade goste das nossas bolachas... Mas nós seguimos fieis a elas, depois do que nos custou encontrar umas que aos dous agradassem... 

Hoje há 23 anos que nós dividimos o mundo oficialmente, antes estávamos apenas juntos por puro desejo... Lembro que os dous queríamos evitar ter que assinar papeis para amar, que estranho se nós fazia tudo, e a palavra 'marido'... embora no meu entorno, aqui na Galiza, se dizia 'homem' (o meu homem) ora aquilo era intenso demais... tardei em me acostumar, ainda agora, por vezes, me refiro a ti como: o companheiro, o colega... Só não faço isso em tua presença porque tu gostas que eu te diga 'marido' ou 'homem'...

Levamos construído tantos espaços juntos, tantos mundos, e tudo sem necessidade de encerraros o outro dentro dos nossos próprios limites. É preciso eu ver a cadeira vazia para perceber tantas cousas... quando acabo de tomar o café subo ao nosso quarto, e quem me fala então é a cama, com apenas o meu lado desarrumado...

Então lembro outros aniversários, lembro estarmos num restaurante, numa ceia com velas e tudo de mais íntimo e descobrir que era o dia de nosso aniversário... Outro ano foi nossa filha a servir-nos o que ela chamou 'Uma ceia romântica" ainda conservo o papel onde ela escreveu a ementa para nós escolhermos os pratos... 

Este ano chega o dia de nosso aniversário, é sábado, como o dia do nosso casamento em 1988, e tu veis a caminho de casa, regressando de perseguir a tua amante: 'a investigação científica', sei que nem terás reparado na data, tu não gostas nada de romanticismos falsos, impostos por calendários... E eu sigo-te a corrente, eu aprendi a não me importar com isso, porque tu me ensinas-te a conservar sempre livres para o voo as minhas asas... e isso é um presente que não se pode melhorar, se pode apenas renovar a cada dia, como tu fazes... 

Portanto bem mereces que coloque aqui, com este texto para ti, a tua música preferida... 

Concha Rousia  




CHEGAS-TE PARA CELEBRAR O NOSSO DIA... O VOO ATRASOU-SE E CHEGASTE À CORUNHA... CELEBRAMOS NO HOTEL ROSALIA... NEREA FICOU EM CASA... O HOTEL ROSALIA, AO PÉ DE CASA, NO PASSADO FOI UM LUGAR DE AMANTES CLANDESTINOS E AGORA É UM HOTEL DE TURISMO RURAL HAHAHAHA... CELEBRAMOS, COMO SEMPRE, SEM CELEBRAR...
TE AMO, TE AMAREI ENQUANTO EU EXISTIR, E SE PUDER ALÉM...

Chegaste... com um sorriso igual ao meu...

Não lembravas que era o nosso Aniversário, em vez de perfume francês me touxeste grappa italiana... hehehe

Brindamos...!!!! por outros 23... e adiante pediremos...

A Fotógrafa era a nossa filha e não autorizou nenhuma de beijos 
hahahahaha esses dolescêntes...!!