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segunda-feira, 14 de novembro de 2011

Refúgio outonal

Remedios Varó

Hoje, como muitos outros dias, saí correndo à rua, nem sei o que procurava ou do que fugia, sei que ia apressadamente, tanto que esqueci vestir meus mundos conhecidos, nua saí a percorrer as ruas do absurdo... Ia na procura de não procurar cousa nenhuma, na procura de não necessitar nada, na procura de não necessitar ninguém, nem de vestir meu corpo, de repente senti frio... Notei que tinha pele, e tinha alma, e tinha tempo passado que jamais regressaria...

Quis correr muito, voar, ir mais rápida do que meus pensamentos, porque este outono aprendeu a ser duro comigo, ele é forte, mais do que eu, e contra seus braços de vento eu nada posso... Arranca folhas de árvores bem mais robustas e majestosas do que a minha vontade, e então eu devo acostumar-me a ver partir meus ramos, aceitar que não nidificarão em mim mais passarinhos, nem virão primaveras...

Foi nessa ausência de flores e de cantos que decidi devia procurar algum refúgio, esconder-me, viver oculta de olhadas e de espelhos indomesticáveis, entrar em lugares escuros, mesmo com luz, e aí descobri uma porta a teus sonhos, uma porta a ti, a teus mundos visíveis e ocultos... Entrei, e logo decidi ficar, viver em teu blog, adoooooooooro azul, sabes, meu bem, há pessoas que vivem na rua, onde também o dia pode ser azul, mas o céu não é um tecto real para a cabeça, e nem há rimas como as tuas lá nessas ruas...

Aqui, no mundo da tua palavra, eu tenho o meu lar, tenho o lume dos teus versos, tenho as melodias das músicas que tu escolheste, alguma até por pensares em mim... Tenho teu nome escrito nas paredes, então viver aqui, mesmo quando tu estás ausente, pode ser viver no paraíso... Um paraíso aguardando a chegada do seu deus... (em andamento)

Concha Rousia

4 comentários:

  1. Há músicas que mexem com a gente, e esta de Adriana Calcanhoto é uma delas. Em "Esquadros" há algumas passagem que, por mais que tenha escutado, sempre, sempre me dói o coração. E há uma em que a dor abriga e abismo-me nela e lá tenho vontade de ficar, abismada. Quanta beleza, Concha, esta música a ilustrar seu texto, que tal qual nos abisma. Trata-se de um elogio, entende amiga?! Um grande elogio.

    Abraço do tamanho do território do Brasil e do tamanho do sentimento de ânsia por liberdade da Galiza!

    Hosamis.

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  2. Concha, as tuas palavras em tons outonais, são dum sentir profundo... adorei.

    Um forte abraço
    oa.s

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  3. Hosamis, amiga querida, essa música chegou a mim de um amigo no momento que eu ia editar meu texto, achei que era como uma das folhas de outono que eu tanto amo, que chegava a mim por efeito outonal e tb pelo amor infinito dos amigos queridos que tenho no Brasil, o poeta Ribeiro é amigo de longa data e já conhece minha alma e suas preferências... Acho esta música, esta lirica, da Adriana Calcanhoto sublime mesmo...
    Hosamis, entendi o elogio sim, com o intelecto, e degustei ele com meu sentir mais primitivo, assim como o abraço tao imenso que vinha junto... e envio outro desse exato tamanho para ti, minha amiga de além-mar, a minha alma agradece o carinho delicado que recebe, sempre grata...

    Concha

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  4. Obrigada Oceano por tuas palavras, tu também amas outono, eu sei. Linda a tua presença,
    Abraço grande

    Concha

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