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sábado, 31 de dezembro de 2011

O desejo das estrelas

Coruja da Torre


Ontem à noite o meu sono foi-se de passeio, talvez para aproveitar o que resta de ano velho, talvez quer ainda enviar-me a mim alguma mensagem, em qualquer caso ele foi-se e eu não lho agradeci no momento, porque sem ele os meus olhos não se fecham; ora ajudou-me a sair fora e olhar o céu, ver o acompanhada que eu estava, todo o espaço astral estava falando, pulsando sua vida no silêncio da noite... Não caiu nenhuma estrela para eu pedir o meu desejo, e pergunte-me se os desejos que nesse instante nos são outorgados, quando uma estrela cai, não sera que nós os roubamos da estrela que vai escrevendo seu último e mais profundo desejo. Emocionou-me tal pensamento, e entrei escutar uma música de Bach que acompanhasse o desabrochar desse momento lírico em mim, mas neguei-me a escrever, queria absorver eu o meu próprio desejo, como a estrela, não quis deixar rasto....

E pensei nisso, pensei que a estrela que cai tem que despedir sua vida... Todos os dias da sua vida ela enfrentou dilemas, enfrentou, e talvez não conseguiu resolver; porque, como entender o ela ter sido engolida sempre pela Madrugada? Nada adiantava o que ela fizesse, ela era engolida e sua luz deixava de ser singular e única, e ela passava a viver escondida contra o seu desejo... pergunto-me agora se as estrelas chegarão a aceitar alguma vez esse destino que o Dia lhes impõe, e senti o quanto pequeninhas se devem sentir as estrelas, o quanto frágeis e insignificantes, todas julgadas tão iguais, sendo tão únicas... Lembrei que não devia contá-las com os dedos como fui ensinada, e entrei em casa; não, eu não estava preparada para ver morrer hoje uma estrela, o ano acaba e talvez ela nem tenha assim tão medido o tempo, mas eu tenho...

Prometi nunca mais pedir um desejo para mim, nem para a humanidade, nem sequer para o planeta, prometi que quando eu ver uma estrela cair, vou pedir meu desejo para a estrela, tentei imaginar como seria se eu fosse estrela, tentei imaginar qual seria o meu desejo, de novo me permiti, até pedi, a Bach que me acompanhasse e ajudasse a abrir o meu entendimento... por acaso era a Suite nº 3 em Re Maior, ora podia ter sido outra, mas era essa, que decidi colocara aqui também junto do texto. E pensei: 'Se eu fosse estrela o que eu quereria?', e aí vi a luz, se eu fosse estrela desejaria poder voar na noite com asas brancas e desejaria poder voar no dia com as mesmas asas brancas, e então percebi que a estrela já tem esse desejo conseguido porque o meu dia é tao pequeno que só é a mim que rouba a luz da estrela, enquanto ela continua a voar livre, aí decidi não ser arrogante e não querer conhecer os desejos das estrelas, talvez devia saber quais são os meus e atar-me a eles, comprometer-me com eles...

Formularei assim meu desejo, para mim, mesmo utilizando a estrela: eu quero que a estrela quando caia na Terra não toque nunca o chão, quero que suas asas de luz branca se elevem de novo feitas asas de Coruja que siga voando durante a noite e possa, para sempre, voar durante o dia... é o meu desejo. E por artes mágicas, que nem quero interpretar, nesse preciso instante vi passar ante meus olhos o voo branco da Coruja, à que já um dia eu dedicara o meu poema, observei como se foi com seu peculiar jeito de voar, envolvente, como se voasse em círculos, ou em esferas imaginárias, em direção ao Castanheiro da tia Maria, onde ela gosta de sempre de andar de noite... Perguntei-me se será que as estrelas quando caem seguem também uma capricha trajetória. Notei como eu começara já a ver a estrela na Coruja... Meu desejo final para a noite foi que nenhuma estrela tivesse que ter caído, não essa noite...  (em andamento)

asas abertas
tingem de branco a noite
a lua observa

Concha Rousia





4 comentários:

  1. Lindooo
    amada,
    Que assim seja para todos nós!!
    Que sejam mais suaves os nossos caminhos e menos íngremes as nossas estradas!!
    Um Ano Novo feliz e abençoado pra você e sua família querida!!
    Beijos em seu coração ♥♥

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  2. Asas...

    Por vezes me enxergara
    perdido
    na multidão do insensíveis...
    Eis que
    de um reino longíquo
    a voz de uma princesa canta
    o que minh'alma busca
    nos jardins etéreos do tempo
    Não estou só; ela
    a Rainha templária conhece
    uma a uma
    todas as notas desta canção

    meu coração em festa
    contempla
    o exercício da esperança

    ...(*_*)...ton...k...

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  3. Querida Concha, que lindo o seu texto, duma magia que nos faz olhar estrelas e sentir que elas nos olham a nós e escrevem em nós poesias que encantam almas, almas sensíveis...

    Com seus desejos e ao som desta musica lindíssima, passo para lhe reiterar os votos de um lindo Ano Novo.
    beijinho
    oa.s

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  4. Rosi, Ton e Cecília, obrigada meus amigos pela atenção e o carinho, um feliz ano para vós, que se concretizem vossos desejos e nos reunamos aqui e em pessoalmente se possível, abraços, Concha

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