A Rousia é essa montanha que herdei sozinha, e que está prenhada de mar, e por ele eu um dia viajarei para ir a ilha dos nossos, o povo que desapareceu da aldeia da Rousia. Ficam casas desfeitas, com paredes a amparar carvalhos que crescem na ausência do povo ido... Concha Rousia
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domingo, 10 de junho de 2012
O poema
(Tanto tempo esperando tua chegada
e tudo que trazias contigo era a mim...)
Há um poema roendo-me as entranhas
um poema irreverente
um poema que não pára
de chamar por mim, de me falar
enquanto eu trato de esquecer a caneta
de esconder a caneta
de perder a caneta
dos olhos das minhas mãos...
O poema insiste
ele faz promessas que eu sei
nunca vai poder cumprir
mas mesmo assim eu o escuto
como se ele fosse um deus
a quem eu, com cada verso
apenas aprendo a orar...
para quem sabe um dia
merecer o céu da poesia
Ele me fala com palavras
mas também com gestos
que eu faço mas é ele neles
eu bem o reconheço...
como esse suspiro que agora
sai de minha boca e é dele
e não meu... o poema me usa
o poema talvez me abusa...
Ahhhh como esse poema
me utiliza
me escraviza
e ao mesmo tempo
ele me namora
me faz vibrar
ele dá vida a minha vida
tão carente de sentido
como todas as vidas
Chegado este ponto
devo concluir que o poema
não é meu inimigo
ele pode não ser meu salvador
com certeza ele não é meu salvador
mas ele não é meu inimigo...
O que é então o poema?
ahhhh nem sei se essa pergunta
é minha ou é dele... do poma
Mas eu necessito uma resposta
ou quem sabe se não será o poema
que a necessita, tanto faz...
Talvez ele só venha ocupar
o lugar de tudo que não existe
de tudo que não sendo meu
me foi subtraído
me foi roubado
e com isso roubada eu...
O poema é paz, ele é cura
o poema vem como água
lavar minhas feridas incuráveis
correndo por um caminho
ocupar o lugar desse vazio
um vazio que eu tive que herdar
um vazio que eu tenho que passar
mas é aí o meu dilema...
A quem?
A quem se herdeiros não há
nem nada para herda não há
O poema é meu herdeiro
O poema é meu filho
O poema é meu deus
O poema talvez seja eu...
(Continua em andamento... o poema e eu...)
Concha Rousia
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Este poema tem muitas lidas e se completa em quem o lê, ou continua de lá por outras vias.
ResponderExcluirMario... fico muito grata pelas tuas palavras e muito feliz com teus passos por meu blog... Me encanto com tua visita a este meu templo, queria dizer assim ao dia, ao mundo, e em especial a ti, meu amigo, feliz de ter-te encontrado, abraço grande, Concha
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