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terça-feira, 26 de junho de 2012

Cartas sem destinatário


Capítulo III

Meu bem

Necessito escrever-te uma carta, uma pequena carta, com uma mensagem breve, mas urgente, por isso escolho agora, este momento que quer fugir entre os meus dedos como fugiste tu... Sim, eu sei,
eu até faço alarde de saber, e ensino a aprender, que pospôr não existe, existe apenas fazer ou não fazer, é por isso que eu faço, porque decidi fazer... Por isso te escrevo, e agora que o motivo desta carta foi dito, vou com sua mensagem...

Como te disse, é uma mensagem breve, trata do teu silêncio, eu sei que tu não podes falar dele sem rompê-lo então eu respeito isso, mas o teu silêncio não me impede a mim de falar-te e contar-te alguma coisa que talvez queiras saber, ou talvez não, aí já não me arrisco a dizer; eu me arrisco só a contar o que minha carta quer que eu lhe conte e é, agora já sem mais demora, o seguinte...

Verás, eu quero que saibas que o teu silêncio não me mata, como vês nem sequer me silencia, mordem-me os seus dentes do não saber... mas não me mata... Até me permite escrever-te, sem necessitar que me respondas; então não me mata, pelo menos por mim; ora, eu sei que tu
pensas que sim, que teu silêncio me mata, e então aí sim me matou, por isso te tinha que escrever e contar-te, por isso te escrevi e te contei... porque carregar com a pedra do teu silêncio assim, era cruel demais, acredita, sei reconhecer crueldade...

Concha Rousia
Quintal d'Amaia 11 do 6 de 2012

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