A Rousia é essa montanha que herdei sozinha, e que está prenhada de mar, e por ele eu um dia viajarei para ir a ilha dos nossos, o povo que desapareceu da aldeia da Rousia. Ficam casas desfeitas, com paredes a amparar carvalhos que crescem na ausência do povo ido... Concha Rousia
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terça-feira, 26 de junho de 2012
Desandar palavras
Além do olhar fica o deserto
onde semeio palavras rotas
meus sapatos de silêncio
não deixarão nele as pegada
serei desexistir no andar...
Sou diminuta, quase efémera
caio entre os meus próprios sentidos
coo-me entre as moléculas de água
do teu rio sem molhar-me, isso é poder
mas não sei evitar os dentes do medo
que me devora sempre em vida
Devia-me assistir agora a raiva
mas ao pé dela erguesse triunfante
sempre a sobra da tristeza
Mas hoje a minha fúria é maior
que raiva e tristeza juntas
partidas e reatadas uma na outra
atiro-as além de meu olhar...
Como em meu persistente sonho
encerro-me na pirâmide de vidro
nada, nem tu, me poderá decifrar
Quero ser Sherezade
quero as minhas mil e uma noites
quero que Sultão nenhum
me tape a boca quando falo
mesmo se o rio das palavras secar...
pois minhas palavras não são de areia
nem habitam nenhum relógio
onde o tempo se parar e desandar...
Concha Rousia
Quintal d'Amaia 15 do 6 de 2012
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