(inspirado em 'Regresso a Arder' de Carlos Quiroga, poeta da Galiza)
A poesia é despir-se ante os outros
quando não estão
é um intento de apagar as feridas que nos delatam
A poesia é desvendar a existência do des-real
é tirar as telas do emburulho que eternamente nos oculta
A poesia é dissimulo
é raiva disfarçada de anima em pena
Mas também é pena
é pena sem espaço no infinito do espírito
A poesia é fame dum deus que não existe
e é fartura de comer sempre o pão da morte
A poesia é assomar-se à porta do abismo
sabendo que se calhar é uma miragem
A poesia é armadilha
é deixares-te ver enquanto te escondes
A poesia é soidade que aprendeu a acompanhar-nos
é janela para as bágoas dum pranto silandeiro
numa guerra de prantos que nos aboujam
A poesia sou eu disfarçada para ver-te andar na minha procura
A poesia é sexo
é cavalgar com a ânsia do amante
até a inapetência e o silêncio
A poesia é a destilação do veneno letal da existência
ela é quem fica
quem nos vive
quem nos sobrevive
A poesia é dona
A poesia é Deus.
Concha Rousia
Deixo aqui os comentários recebidos de amigas e amigos queridos, guardo aqui em meu cantinho para nunca nunca esquecer. Obrigada do fundo do meu ser, e beijos desde a Galiza.
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Layara:
Belíssima definição! abraços
Marcos Oliveira:
ESPETACULAR INSPIRAÇÃO!
meriam lazaro:
A poesia realmente é um despir-se sem reservas. O poeta namora a morte para melhor casar a vida. Que linda descrição poética. Abraço, Meriam
ivi:
Perfeita expressão ! Beijos.
Silvia Regina Costa Lima:
como vai, poeta? *****Bom Dia ** poema intenso e forte, sensível e inspirado.. gostei bastante, viu? E há “Luar” em meu soneto de hoje ***Um beijo azul com saudades