(Imagem : Foto de Nilcéia de Almeida A. B. Pereira, Brasil)
Eu habito num recanto de mim
do que não tenho mapas
mas que sei
mais ou menos
onde fica
Realmente eu sou nômada
sou vagamundo que perdeu
o endereço da sua morada
mas lembra que ela existe
Sempre soube reconhecer
quando me achava perto
mas apenas uma vez
estive
realmente
( dentro )
Lembro que foi maravilhoso
mesmo não recordando nada
lembro que foi assim único
Ó se a memória se pudesse
prender no fio das emoções...
escreveria eu agora meu canto
mas como traduzir em palavras
o inenarrável... ?
Já até pensei que fosse sonho
Sei que tu estavas comigo
isso é o que mais me choca
para um vez que consigo
visitar o lugar onde realmente
habito...
tu estavas comigo...
...ou eu pensei que estavas
que sem ser a mesma cousa
teve o mesmo efeito
pena não saber mais
onde tu habitas
para te perguntar
se sabes o caminho
se reparaste na entrada
Eu nem sei se havia portas
não lembro ter que abrir nada
de repente foi como se o mundo
fosse ‘um’ consigo próprio
e com ‘nós dois’ dentro...
a sensação durou apenas
uma ínfima eternidade
que passou logo para
se permanecer
Já pensei em perguntar-te
mas,
para além de não saber
onde tu moras
sei que estás adormecido
e não quero incomodar-te
talvez fosse interromper
um belo sonho
Eu vou esperar...
Esperar, eu sei que sei
e a quem sabe esperar
tudo um dia lhe alcança
e eu ainda espero que
o lugar
onde a minha verdadeira eu
habita
um dia apareça
a me vestir por dentro
Talvez então tu venhas de visita
sei que em qualquer outro lugar
tu não me reconhecerias...
esperarei
sentar-me-ei aqui
onde imagino
ser a beira do meu ‘ser’
e aguardarei.
Concha Rousia
Belo! Esse teu ser recôndito, ser que todos temos mas que não sabemos e não conhecemos. Posso eu, por mim dizer: - eu vim de longe...
ResponderExcluirmas de onde não sei...
É minha querida amiga... e andamos eternamente a essa procura, a poesia pode ser um caminho :)
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