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sexta-feira, 6 de julho de 2012

Versos de areia


Versos de areia

Versos talhados em tempo
dentro do próprio relógio
versos de mar e horizonte
versos livres nunca escritos
ceives gaivotas versos vivos...

Fazer castelos na beira
vestida de algas eu princesa
com meu príncipe encantado
que rápido se passou...

Agora tudo se tornou areia
na que destilo minha filofosia
porque o poema passou
a vida passou e eu não vi

Dói, é tarde pra pôr remédio
fica o lamento a molhar a areia
ficam os versos e quem sabe
talvez tu ainda apareças...

Sei que eu ainda poderia
construir o mesmo castelo
cobrir meu corpo com algas
aprender o canto das sereias
e chamar-te chamar-te chamar-te
eu sei que ainda me ouvirias...

Ahhhh tivesse eu a certeza
de que há tempo nesse relógio
como ponteiros em nossa honra
ponteiros às voltas juntos sempre

Beberia o mar pra que sentisses
meu alento roçar no teu ouvido
e nada dessecaria esta alma minha
como a desseca este cruel desterro
em que permaneço pés molhados
e olhos tão de ti vazios...

Ando e desando meu passos
eu penélope mal improvisada
e em meu desandar medito
eu me pergunto...
eu sempre me pergunto...

Serei eu a escolher os passos
nesse caminho de pegadas...?
ou será a praia
ou será a praia...?

Concha Rousia
Quintal d'Amaia 3 de julho de 2012

 

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