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segunda-feira, 30 de janeiro de 2012

Ir sem partir...

Remedios Varo

Não se pode voltar
ao lugar do que não se partiu 
eis o dilema de Ulisses
eis a armadilha que Penélope
tece e destece até o infinito
porque como despedir o homem 
que nunca te deixou...?

mesmo que se fosse longe
mesmo que longe se fosse

Partir...
partir eu nunca vou aprender
sei apenas que regressar é sempre
como é sempre esse vazio
de naus que levam tudo
que tudo levam
e a mim me deixam
e a mim me deixam...

E eu voo
porque voar eu sei
a Melra me ensina os segredos
dos sete ventos da mãe África
e eu voo sem abrir asas
eu voo sem subir às nuvens
eu voo entre paredes de pedra
eu voo 
         ate que finalmente 
as minhas inexistentes asas ardam 
quando me queimem por bruxa 
bruxa que rouba os segredos 
aos céus que nem existem...

Concha  Rousia 

 

4 comentários:

  1. partir e ficar
    gostei da contradição
    só os poetas conseguem isto com a linguagem
    beijos

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    1. Pois é, Sandrio, amigo poeta, e tu viste logo porque tu és mestre de harmonizar mundos aparente-mente impossíveis, abraço grande
      Concha

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  2. Bastou-me ler este poema e o anterior para ficar seduzido pela tua poesia.
    Parabéns pela excelência das tuas palavras.
    Saudações poéticas.

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    Respostas
    1. Obrigada Nilson, da partilha a poesia, não apenas cresce, mas acho que esse é seu motivo para ela nascer..Portanto agradeço as tuas gentis palavras, abraço poético. Concha

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