A Rousia é essa montanha que herdei sozinha, e que está prenhada de mar, e por ele eu um dia viajarei para ir a ilha dos nossos, o povo que desapareceu da aldeia da Rousia. Ficam casas desfeitas, com paredes a amparar carvalhos que crescem na ausência do povo ido... Concha Rousia
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sexta-feira, 31 de julho de 2009
Guia para o amante
Primeiro acaricia-me com o teu olhar
busca-me
seduz-me
até que meus olhos se prendam dos teus...
ama-me então
faz-me amor com a tua mirada
percorre-me
até que ambos percamos o sentido
Acaricia-me depois com a língua
fala-me
sussurra-me
conta-me os teus desejos
entrega-me o tesouro das tuas palavras
mais secretas...
e quando as nossas bocas fiquem mudas
a comunicarem apenas o som do desejo
Toca-me
beija-me
que te quero fora e te quero dentro
mergulha-te mim com todo o teu mundo fértil
a confundir-te comigo no meio deste deserto
que nos rodeia
No que nada há
neste nosso encontro
além da nossa existência
nem sequer tu existes
nem eu existo
somos apenas esse 'uno' indivisível que contêm
o cerne oculto do Ser Universal...
Eleva-te comigo aos Céus
percorramos-lo juntos
e baixê-mos depois devagarinho
até chegar ao nosso silêncio
esse que tudo diz sem palavras
Envolve-me com teu braço esquerdo
e eu repousarei a cabeça no teu peito
Fiquemos eternamente olhando o céu...
enquanto a calma regressa a se pousar
em nossos corpos
E partilhemos finalmente esse sorriso cúmplice
que é só nosso e só desse infinito momento
no que juramos guardar tudo que é do outro
Voaremos ainda livremente os nossos olhos
com as nuvens da tarde
e quando a noite nos abrace
aguardaremos a caída de uma estrela
que nos vai permitir mais um desejo...
Não me faças promessas
de futuros por vir
e eu não te farei lembrar
de ontens idos incompletos...
Todo o tempo que é nosso
nosso há de ser
nosso
e
só
nosso...
Concha Rousia
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