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quinta-feira, 28 de junho de 2012

Sexta-feira Sete-horas



Sexta-feira Sete-horas

(quase uma crónica)

Sexta-feira Sete-horas nasce o dia
como se nascesse de novo
nasce por vez primeira hoje

Sexta-feira Sete-horas
deixo que as palavras se repitam
dentro da tua boca...
deixo que meus olhos penetrem
deixo que meus lábios invejem 

Sexta-feira Sete-horas
entrego-me a escrever meus versos
nos que perpetuar o som deste dia novo
para reter o sabor da tarde contigo

Sexta-feira Sete-horas
fecho o dia os olhos e os versos
cultivo o teu eco no interior do silêncio
levo-te comigo à montanha dos sonhos
e semeio lá teu eco e te cultivo

Sétima-feira Sete-horas e regresso
o tempo se infinita nas despedidas
quando te ausentas dói o meio-dia
como se me partissem
pela cintura do tempo do meu corpo...

À flor da pele voam delicados sentires
a palavra gostosa incendia meu pensamento
e meus dicionários, e incendia o dia
como se sempre fosse alvorada
como se nascesse o dia sempre
sempre na tua boca e no meu corpo

Concha Rousia

Som de regresso

 

Som de regresso

Perco-me na melodia do deambular
vendo apenas passar o meu tempo
na procura de sinfonias inventadas
para amenizar meu longo inverno

Esqueço que fora da minha pele
é ainda plena primavera...

Nerea peneira notas musicais
desde o céu de seu quarto
a casa enche-se de pétalas
com perfume de Bach e Tiersen

E eu aqui atada a minha cegueira
presa de um inverno interior
esmagada pela noite de pedra
procurando um sol artificial ou
uma fogueira que nunca ateará

Os minutos arrastam os ponteiros
e o piano, como se fosse um carro
roda pelos caminhos de vento
vai suave e volta com toda a força...

Choro ao ver como Nerea emociona
as centenárias paredes de pedra
atravessa mundos e chega a mim

Só para que meu coração a ouça...

Concha Rousia
Quintal d'Amaia 27 do 6 de 2012

http://www.youtube.com/watch?v=OfL8whIdT1A